quarta-feira, 12 de agosto de 2020
segunda-feira, 20 de julho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
quinta-feira, 16 de abril de 2020
SOCIOLOGIA 3º ANO.
ATIVIDADES A DISTÂNCIA DEVIDO AO ISOLAMENTO SOCIAL- BLOCO 1
Estratificação social –
conceito e tipologia
A estratificação social indica a existência de diferenças,
de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a
existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes.
São três os principais tipo de estratificação social:
Estratificação econômica: baseada na posse de bens
materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação
intermediária;
Estratificação política: baseada na situação de mando na
sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de
importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em
nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão
de pedreiro.
É importante ressaltar que todos os aspectos de uma
sociedade – economia, política, social, cultural, etc. – estão interligados.
Assim, os vários tipos de estratificação não podem ser entendidos
separadamente. Por exemplo, as pessoas que ocupam altas posições econômicas em
geral também têm poder e desempenham posições profissionais valorizadas
socialmente.
Também importante lembrar que a constituição de sociedades
estratificadas socialmente é um fenômeno histórico; ou seja, as diferenciações
sociais e a formação de suas características ocorrem em função de processos
históricos explicáveis dentro de suas próprias lógicas. Portanto, não são
fenômenos “naturais”, derivados de alguma lógica exterior ao próprio ser
humano. São processos construídos por agentes humanos que se opõem, sob a forma
de grupos, no campo do conflito.
A estratificação social é a divisão da sociedade em estratos
ou camadas sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas
podem ser: castas (Índia), estamentos (Europa Ocidental durante o feudalismo) e
classes sociais (sociedades capitalistas).
Castas- Existem sociedades em que os indivíduos nascem numa
camada social mais baixa e podem alcançar (mobilidade social), com o decorrer
do tempo, uma posição social mais elevada. No entanto, existem sociedades em
que, mesmo usando de toda a sua capacidade e todo os seus esforços, o indivíduo
não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a posição
social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente de sua
vontade e sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, por toda a vida, a
posição social herdada.
REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA DE CASTAS |
A civilização indiana foi estratificada dessa maneira; um
sistema de estratificação social muito rígido e fechado que não oferecia a
menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema de castas que, por exemplo, permite
casamentos apenas entre pessoas de uma mesma casta. Tal sistema de castas foi abolido oficialmente em 1947, mas a força
da tradição faz com que persista, na prática, até os dias de hoje.
Estamentos- A sociedade feudal da Europa na Idade Média foi um exemplo
típico de uma sociedade estratificada em estamentos. Sendo, nessa experiência
história em particular, três estamentos centrais: Clero, nobreza e camponeses
servos.
OS TRÊS ESTAMENTOS MEDIEVAIS: CLERO, NOBREZA E CAMPONÊS |
Estamento, ordem ou estado é uma camada social semelhante à
casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social
ascendente é difícil, porém não impossível, como na sociedade de castas.
Na sociedade feudal, os indivíduos só muito raramente conseguiam
ascender socialmente. Essa ascensão só era possível em alguns casos: quando a
Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais pobres, caso o
rei conferisse um título de nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filha de
um rico comerciante casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da
aristocracia.
Essas situações eram difíceis de acontecer e normalmente as
pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido. Ou seja, a mobilidade
social era possível, mas somente em raríssimos casos, sendo, portanto, exceção àquela
forma de estratificação.
Classes sociais- Podemos dividir as sociedades erguidas sobre economias capitalistas em dois grupos, segundo suas
situação em relação aos elementos da produção: proprietários e não
proprietários dos meios de produção. As relações de produção dão origem a duas
camadas sociais diferentes. A essas camadas damos o nome de classes sociais.
Classicamente, designamos essas classes sociais como burguesia e proletariado.
Apesar de ser correntemente usada para designar as
camadas sociais em vários momentos da história da humanidade, a designação classe
social é aplicada com maior precisão para a sociedade capitalista. Assim, o
prestígio social, o poder político e a capacidade de consumo de luxo, de modo
geral, são privilégios dos proprietários dos meios de produção. Ao contrário
das estratificações por castas e estamentos, a estratificação por classe social
permite a mobilidade social, porém, nem sempre é um processo simples e fácil
para as classes sociais subalternas.
MOBILIDADE SOCIAL |
As transformações por que passaram as sociedades erguidas sobre economias capitalistas no século XX também nos mostram que houve mudanças
significativas nessas sociedades tornando-as muito mais complexas do que
em sua fase inicial de desenvolvimento. A mudança mais notável foi o
crescimento de uma forte e volumosa classe média nos países centrais do
capitalismo, ocupando funções nos diversos setores dos ramos de prestação de
serviços e da pequena e média propriedade. Assim, a análise das sociedades
capitalistas do final do século XX deve, necessariamente, levar em consideração
esta camada social intermediária entre os proprietários e os não proprietários
dos meios de produção.
Texto adaptado de Oliveira, Pérsio Santos de; Introdução à
Sociologia, São Paulo, Ática, 1997, 17ª edição, pp. 71-80.
Responda as questões a seguir e envie por e-mail. Atenção, faça a sua atividade em word, com perguntas e respostas, que devem ser escritas em fonte 12, com letra times new roman, espaçamento duplo e ser enviado ao seguinte endereço: atv3ano2020@yahoo.com, até o dia 26 de abril. Não esqueça de se identificar e identificar a sua turma.
1. O que determina o pertencimento de um indivíduo a uma casta ou estamentos em sociedades com esses tipos de estratificação?
2. O que determina o pertencimento de um indivíduo a uma classe social em sociedades com esse tipo de estratificação?
3. Aponte semelhanças e diferenças entre as estratificações de castas e estamentos.
4. Que elemento faz com que nas estratificações por classes sociais a mobilidade social seja bem mais possível do que nas de castas e estamentos?
5. Para comprovar que mobilidade social é possível na estratificação por classes o texto aponta uma mudança significativa na nas sociedades divididas por classes sociais. Que mudança é essa?
Responda as questões a seguir e envie por e-mail. Atenção, faça a sua atividade em word, com perguntas e respostas, que devem ser escritas em fonte 12, com letra times new roman, espaçamento duplo e ser enviado ao seguinte endereço: atv3ano2020@yahoo.com, até o dia 26 de abril. Não esqueça de se identificar e identificar a sua turma.
1. O que determina o pertencimento de um indivíduo a uma casta ou estamentos em sociedades com esses tipos de estratificação?
2. O que determina o pertencimento de um indivíduo a uma classe social em sociedades com esse tipo de estratificação?
3. Aponte semelhanças e diferenças entre as estratificações de castas e estamentos.
4. Que elemento faz com que nas estratificações por classes sociais a mobilidade social seja bem mais possível do que nas de castas e estamentos?
5. Para comprovar que mobilidade social é possível na estratificação por classes o texto aponta uma mudança significativa na nas sociedades divididas por classes sociais. Que mudança é essa?
quarta-feira, 15 de abril de 2020
SOCIOLOGIA 2º ANO.
ATIVIDADES A DISTÂNCIA DEVIDO AO ISOLAMENTO SOCIAL- BLOCO 1
Leia o texto abaixo, combinando a leitura com a das páginas 107 a 114 do livro didático . Os conteúdos, tanto deste texto quanto das páginas do livro, farão parte de uma rápida revisão antes de retomarmos o nosso programa do segundo ano.
Ao final do texto haverá perguntas e atividades que devem ser cumpridas nos prazos que estão lá colocado, fique atento/a.
Bons estudos.
O trabalho e sua ressignificação ao longo da História
INTRODUÇÃO
Para que haja uma clara compreensão do momento atual e das imbricações do mundo do trabalho e a vida humana, necessário fazer uma imersão nos diversos acontecimentos e transformações ocorridas na humanidade. Desde o abandono do sentimento coletivo primitivo que unia os indivíduos, à construção da moral individualista e, novamente, a retomada por um ideal mais cooperativista e coletivo, pensado num bem estar social. Conforme se constatará a seguir, ao longo da história a relação do indivíduo com seu labor vem se modificando de acordo com os acontecimentos e valores cunhados por cada período social. Sobre essas transformações é que se dará a análise.
1. A PRÉ-HISTÓRIA E O CONCEITO DE TRABALHO PARA OS GREGOS.
Quando se procura demonstrar a significação do trabalho ao longo dos períodos da história, é preciso levar em conta o sentido do trabalho como valor numa sociedade, numa determinada época. São os homens na sua convivência social que atribuem valor a determinada coisa. Assim, a compreensão da mutabilidade da significação e representação do trabalho para a humanidade é viés que faz-se necessário se compreender.
O ser humano tanto transforma o ambiente em que está imerso, como é transformado por esse ambiente, sendo um ser biopsicossocial e histórico. Nesta sentido, significa dizer que há influências biológicas, psicológicas e sociais ao longo da historia para a formação do indivíduo dinâmico e mutável.
Na visão do homem "primitivo", o trabalho por conta própria servia apenas para sua sobrevivência. A caça e a coleta foram os primeiros modos de subsistência do Homo Sapiens que tinha como instinto retirar da natureza seu sustento, imerso numa rotina nômade.
Estes povos antigos andavam em bandos que migravam entre as regiões em busca de alimento. Internamente havia pouca diferenciação política, não havendo líderes e nem liderados permanentes. Havia pouca possibilidade de acumulação, pois os bens restringem-se ao que cada pessoa conseguiria carregar.
Notava-se nessas sociedades a divisão do trabalho baseada no gênero e idade, geralmente com mulheres cuidando de coleta enquanto homens caçavam. Porém, esses papéis não eram rigidamente definidos. Aqui, o conhecimento tradicional e o aperfeiçoamento das ferramentas se davam pela interação do homem com o ambiente que o cercava e assim aprimorar o nível de suas habilidades.
Divide-se tradicionalmente a Pré-história em 3 períodos: o Paleolítico, ou idade da pedra lascada, que se estendeu por 2 milhões de anos; o Neolítico ou período da pedra polida, que teve início há mais de 10 mil anos e a Idade dos metais, por volta de 5.000 a.c. (Braick, Mota, 2007, pg. 28).
A coleta e a caça como meio de subsistência foi dando lugar ao sedentarismo. O ser agora passou a procurar moradia próxima aos rios e terras férteis para o plantio e com isso, não mais vagar em busca da subsistência. A consciência da transformação daquilo que se dispunha na natureza para a criação de utensílios de auxílio no dia a dia deu ao homem a percepção do seu poder de transformador do meio.
Da transformação entre o período da pedra lascada, o período da pedra polida e, da Idade dos metais nota-se a mudança dos materiais empregados na formação dos utensílios auxiliadores utilizados pelo homem do período. Tal situação estava relacionada ao acúmulo de experiências e percepções desenvolvidas por estes indivíduos no seu constante contato e alteração do meio.
Nos dizeres de Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota:
Os últimos 100 mil anos do período Paleolítico assistiram ao aperfeiçoamento dos artefatos, num processo de crescente elaboração cultural que deu origem ao arco, a flecha, às lanças e a utensílios variados de argila, osso e dentes. Além disso, as modificações dos ambiente terrestre se refletiam nos hábitos dos homens, contribuindo para a sedentarização de alguns grupos, isto é, sua fixação em determinadas regiões. (2007, pg. 29)
Com isso, esta primeira forma humana de organização social foi aumentando e se tornando complexa. Agora alguns grupos sociais poderiam dispor de conhecimento para domar animais para criação e entender da terra e do clima para produção de seus próprios alimentos. O homem aqui já não esperava pura e simplesmente a natureza, ele, aos poucos, aprendia a dominá-la, tendo o trabalho no como atividade que propiciava a mudança do meio a que se estava situado.
O sedentarismo, as novas formas de conhecimento adquiridas, as experiências do contato com a natureza permitiram a validação da nova forma de organização social agora em aldeias e pequeno comércio, ainda que sem moeda propriamente dita. As aldeias eram mais complexas na organização, na convivência social, na divisão das tarefas e na política do que os bandos.
Nota-se o avanço da divisão no trabalho: no período inicial, quase inexistente, se dava apenas para diferenciar as tarefas atribuídas ao homem e aquelas atribuídas às mulheres, não havia, portanto, trabalhadores especializados e produção do excedente. Com a formação das aldeias já se abre para a especialização dos que deixaram de serem agricultores e passaram a serem artesãos, já sendo necessária uma visão de produção de excedente para o comércio.
O aumento da complexidade das relações humanas foi dando espaço a outras formas de identidade do trabalho, na medida em que os homens passaram a agrupar-se e a cambiar bens como a forma do que mais tarde se denominou “mercadoria”. A união de algumas aldeias, a formação de cidades, foi dando formação aos impérios e civilizações que se estenderam por todo o território do globo. Não foi diferente na Grécia Antiga.
xxx
Sobre as relações sociais e o trabalho na Grécia antiga, predominou a mão de obra escrava, que provinha de devedores ou prisioneiros de guerras. Cada cidade-estado tinha a sua própria forma político-administrativa de gerir-se. Nas palavras de Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota:
"De acordo com o filósofo Aristóteles (que escreveu uma Constituição de Atenas, no século IV a.c.), a sociedade ateniense estava dividida em eupátridas ou 'bem nascidos', ou seja os membros da aristocracia que podiam reivindicar ancestrais prestigiosos; os georgóis, pequenos proprietários de terras; e demiurgos, que eram trabalhadores urbanos. Estes três grandes grupos comporiam a classe dos cidadãos. Durante o período democrático em Atenas, para ter a cidadania, isto é, gozar de direitos políticos e possuir terras era preciso ter pais e mães atenienses. Os metecos (estrangeiros) e os escravos não eram considerados cidadãos. As mulheres e crianças tinham uma cidadania restrita, pois não podiam participar da vida política." (2007, pg. 76)
O tempo dedicado à pólis, à contemplação do homem considerado “livre” tinha um significado mais digno e mais almejado do que o tempo dedicado ao labor, uma vez que somente as pessoas que não precisassem se ocupar das atividades ligadas ao campo das necessidades poderiam dar vazão ao que se entendia por ócio: o espaço para o pensamento político/racional.
Tratava-se de uma nítida separação entre o mundo do trabalho, "labor", desvalorizado moralmente e o mundo e o mundo regido pela "razão", esse bem mais valorizado e almejado pelos atenienses. O trabalho para esta civilização impedia o “físico” das atividades mentais e reflexivas. Logo, o ócio seria um estado do ser – o estado de estar livre da necessidade de trabalhar e ter a possibilidade de dedicar-se às ideias e ao espírito, na contemplação e busca da verdade, do bem e da beleza.
Para que isso pudesse ser feito, os gregos tinham que dispor de outros para fazer o trabalho braçal. Os escravos faziam essas vezes, portanto. Os trabalhos nos campos, nas minas de minérios, nas olarias, na construção civil, e os domésticos eram executados por escravos. Na Grécia Antiga uma pessoa tornava-se escrava de diversas formas podendo ser através da captura em guerras ou a escravidão por dívidas.
É próprio do povo grego esse processo de reflexão sobre si mesmo, sobre o espaço público e o privado e a importância da pólis, sobre suas características, sobre seu modo de vida e de fazer arte, com essa investigação histórica que se pode aferir a existência e de que maneira se via e se construía o papel do homem na Grécia antiga.
Nos dizeres de Mario Sergio Cortella, no livro intitulado “Qual a sua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética”, o filósofo aduz que:
“no campo da filosofia a noção mais forte em relação à definição de humano é dada por Aristóteles, que, no século V a.C, diz: “O homem é um animal racional”. Ou seja, o que define a humanidade de alguém – e, portanto, a sua dignidade – é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não às obras manuais. A tal ponto que, no mundo escravocrata da filosofia e da ciência gregas, os trabalhos manuais e braçais afastavam o homem da sua essencial humana que acontece através do exercício da razão. Platão, um dos maiores pensadores da história, desprezava o trabalho manual. De tal modo que ele achava que, quando se estabelecessem os infernos, aqueles que deveriam ficar juntos com os escravos lá, eram os pintores, os escultores, todos aqueles que fossem da elite, mas que desenvolvessem alguma atividade com as mãos. O mundo da antiguidade, que é a base da nossa sociedade ocidental, coloca o trabalho como um castigo do ponto de vista moral-religioso ou uma concepção de castigo a partir da vontade dos deuses na cultura grega...”. (Cortella,2017, pg.19)
Neste sentido, importa apresentar as ideias de Aristóteles, no livro Política:
"Devemos admitir que não podemos considerar como cidadãos todos aqueles que são necessários à existência da cidade; por exemplo, crianças não são cidadãos no mesmo sentido que um adulto; este é cidadão absolutamente, enquanto as crianças o são incompletamente. Com efeito, nos tempos antigos, entre algumas nações a classe dos artífices era constituída de escravos ou estrangeiros e é por essa razão que a maioria deles hoje tem essa origem. A melhor forma de cidade não deverá admitir os artífices como se fossem cidadãos; mas se forem admitidos, então nossa definição de virtude não se aplicará a todo cidadão e homem livre, mas apenas aos cidadãos isentos das atividades servis do trabalho. Aqueles que prestam seus serviços suprindo as necessidades da vida de outros indivíduos são escravos, e os que trabalham para o público são artífices ou assalariados." (Aristóteles, 2010, pg. 121).
Portanto, a disposição da sociedade grega, principalmente da utilização da mão de obra escrava proporcionou o pensamento filosófico de uma aristocracia que justificava em suas leis uma forma de dominação que validava a exploração de determinada parte da população da polis.
Nos dizeres de Hannah Arendt, na Grécia clássica, nem o labor, nem o trabalho eram tidos como suficientemente dignos para construir a dignidade necessária a um cidadão, além do mais:
“...o trabalho escravo pôde desempenhar papel tão importante nas sociedades antigas, e o seu desperdício e improdutividade passaram despercebidos, é que a antiga cidade-estado era basicamente um <<centro de consumo>>, ao contrário das cidades medievais, que eram principalmente centros de produção...”. (Arendt, 2009, pg. 132)
Portanto, neste ponto é possível perceber pistas iniciais sobre a valoração do trabalho humano ao longo das civilizações e da construção do papel do homem como ser social. No período primitivo da pré-história, o trabalho era visto como mecanismo de auto subsistência, a medida em que desenvolveu a capacidade de produzir excedentes foi recebendo outros significados. No auge da civilização grega, ele foi relegado àqueles que não estariam determinados pela sua posição social ao pensamento e a reflexão.
2. DO TRIPALIUM À DIGNIFICAÇÃO DO HOMEM ATRAVÉS DO TRABALHO: A MUDANÇA DE PARADIGMA.
A origem da palavra trabalho vem do latim tripalium, nome dado a um instrumento formado por três estacas de madeira, usado na Antiguidade pelos romanos para torturar escravos. Punição e suplício estavam intimamente ligados à ideia de trabalho que se estende do período antigo ao medievo.
REPRESENTAÇÕES DO INSTRUMENTO TRIPALIUM |
O sistema escravista de produção do Império Romano foi dando lugar ao sistema servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. O Feudalismo teve origem com a crise do Império Romano, em razão da insegurança gerada pelas invasões dos povos germânicos.
A sociedade medieval era estática, dividida em estamentos. Havia a camada da nobreza feudal, o clero, os servos e pequenos artesãos. Já aqui se constata uma divisão clara de quem trabalha: servos e artesão, que constituíam o patamar inferior da pirâmide social.
A forma servil da idade média em nada tinha a ver com o sistema escravista. O servo detinha a posse de pedaço de terra, embora a propriedade fosse do senhor feudal, e utensílios para dali tirar o sustento da sua família e não poderia ser vendido, estando ligado à gleba se esta fosse passada para outro senhor, o camponês era servo da gleba e não de outro indivíduo.
Como forma de controle havia tributos: a corveia que consistia em trabalho compulsório e gratuito nas terras do senhor em dias determinados da semana. A talha, parte da produção do que eram produzidas no manso servil, as banalidades, o uso de ferramentas e utensílios.
Não se deve olvidar, porém, que embora a vida econômica se baseasse na produção agrícola, no período da baixa idade média, a ascensão dos burgos permitiu a produção e circulação de bens entre os domínios senhoriais.
Também nesse período existia o referencial religioso católico do trabalho como castigo, sofrimento e penitência do homem, ou seja, dos servos, já que o nobre não deveria trabalhar, pois a sociedade estava dividida nos estamentos com funções bem definidas.
Clero- dedicavam-se as questões espirituais
Nobres- dedicavam-se as questões militares
Camponeses servos- dedicavam-se ao trabalho, à produção
Clero- dedicavam-se as questões espirituais
Nobres- dedicavam-se as questões militares
Camponeses servos- dedicavam-se ao trabalho, à produção
É com o Renascimento que surge a concepção de que o trabalho é inerente ao homem e a ideia de maestria, aperfeiçoamento e perfeição do artesão. O artesão que bem domina o seu ofício passa a ser valorizado socialmente. Houve mudanças no plano político, artístico, moral, no comércio e com isso a valorização do Homem (humanismo).
Dessas mudanças ocorridas ao longo deste período importa dizer que o Calvinismo, corrente teológica da Reforma Protestante ligada à burguesia, valorizou o trabalho ao criar uma ética e uma moral favorável ao lucro, ao trabalho árduo e ao enriquecimento pessoal, o que também foi significador para a nova visão do trabalho no seio social, a saber:
"A reforma religiosa na Suíça representou, antes de tudo, uma necessidade burguesa. O país estava dividido em cidades-repúblicas, como Zurique, Basileia, Berna e Genebra, todas elas importantes centros comerciais. O poder político nessas cidades estava nas mãos de uma burguesia nascente, impedida de expandir seus negócios devido às fortes barreiras impostas pela Igreja Católica. O clero combatia a liberdade econômica e o crescente lucro dos setores mercantis. A burguesia necessitava, desse modo, de novos parâmetros morais, econômicos e religiosos que legitimassem a obtenção do lucro por meio do comércio e da exploração do trabalho assalariado." (Braick, Mota, 2007, pg.192).
O sociólogo alemão Max Weber aponta a religião como elemento fundamental no processo de valorização do trabalho. Em sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", o autor aponta que os protestantes calvinistas consideravam a dedicação ao trabalho como uma virtude e que essa visão ajudou o capitalismo a ter sucesso em países protestantes.
Ao contrário do sentido católico de castigo cristão atribuído ao trabalho, na ideologia protestante surgiam os conceitos de vocação e predestinação e o espírito capitalista. Nunca a riqueza tinha sido vista de forma tão positiva o que gerou individualismo e uma nova maneira de viver uma vida disciplinada, com apego ao trabalho e ao lucro destinado não à vida mundana, mas à poupança e o reinvestimento na expansão dos negócios.
A virada de percepção também ocorre quando o individuo tem a consciência que tem o poder de satisfazer suas necessidades com o fruto do seu trabalho, entendendo “necessidade” não só como sua subsistência, mas também seu lazer, sua satisfação pessoal, seus anseios, a parte subjetiva. O trabalho passou a designar-se como um ato de dignificação do homem e salvação perante Deus, que possibilitaria riqueza e posição social.
Neste sentido, o ser torna-se digno através do trabalho, sendo a dignidade a qualidade moral que impõe respeito; traz ao homem a consciência do seu próprio valor e nobreza de espírito.
Quanto a esta valoração, importa um mergulho na letra da música “Um homem também chora”, de Gonzaguinha. A construção de um imaginário a cerca da vida e dos anseios humanos e das suas fragilidades, suas conquistas diante das dificuldades e do que a própria sociedade espera deste homem, a saber:
“... Um homem se humilhaSe castram seu sonhoSeu sonho é sua vidaE vida é trabalhoE sem o seu trabalhoUm homem não tem honraE sem a sua honraSe morre, se mataNão dá pra ser feliz...”. (Um homem também chora – Gonzaguinha)
A construção da ideia de dignificação do homem através do trabalho passa a ser um dos estigmas sociais mais pungentes. Esta dignificação se estenderá à família do indivíduo trabalhador, uma vez que, no seio daquela família, seus membros estão buscando o seu sustento através do seu trabalho, do seu esforço, de forma honrada e nobre.
A ideia de que todos precisam trabalhar dignamente advém da condição de suprir necessidades como a moradia, alimentação, vestuário, lazer, consumo, de uma maneira geral. É esta a dignidade que o trabalho permite através do dinheiro. A noção de vida digna é aquela de quem tem para suprir suas vontades e suas necessidades, com o produto do seu suor afastando-se os meios torpes e indignos de se conseguir o que se almeja.
Dissemina-se, portanto, a noção de que o trabalho é a condição preponderante (e socialmente aceita) do ser humano realizar-se, para si e para o o conjunto social, uma vez que, por essa ideia, um sujeito sem trabalho seria impedido de se realizar como homem e cidadão.
Com relação a isso, fazendo um adendo na história, ante esta visão do trabalho na vida do indivíduo, o que não se deve deixar de citar é que em um tempo, na sociedade brasileira, as figuras de controle social, como o Estado e o direito, passaram a se preocupar com essa ideia da dignificação do homem através do trabalho. Ascendia então o combate à vadiagem.
O Vadio era o vagante, e está ligado à ideia de espaço público, todo aquele que não tem ocupação, trabalho, ou que nada faz. Aqui, importa destacar, houve uma certa mudança no significado do termo ócio, pois para os gregos a ideia de ócio servia para produção do pensar, o exercício da razão, a humanização. Já no século XX, a ideia de ócio passou a incomodar a ponto de criminalizar e se tornar um termo pejorativo: Vadio.
O Código Penal Brasileiro de 1940 retirou o tipo penal da vadiagem do seu âmbito específico, remetendo-o ao disciplinamento pela Lei das Contravenções Penais. Este Código Penal é que introduziu no Brasil a classificação bipartida dos ilícitos penais em crimes e contravenções. Assim, o tipo passou então a ser disciplinado como contravenção e prevista no art. 59 da referida lei.
Vadiagem
Art. 59 - Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover a própria subsistência mediante ocupação ilícita:Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.Parágrafo único - A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a pena.
O trabalho, portanto, para além da ideia de dignificação da pessoa humana, aqui estava atrelado a um meio de controle social, uma vez que sob essa ótica, aqueles que trabalham não teria tempo/necessidade de se utilizar de meios ilícitos para conseguir sua subsistência, não representando um perigo para a sociedade.
No Brasil, a preocupação com a vadiagem está intimamente correlacionada à abolição da escravatura, a imigração de trabalhadores livres, a falência de uma sociedade prioritariamente agrária e a emergência de uma sociedade com traços capitalistas.
O desenvolvimento capitalista e as novas forças sociais por ele criadas provocaram uma nova dinâmica na expansão das cidades e do mercado e na divisão da sociedade. O modo de produção feudal e a vida nos feudos foram perdendo lugar frente ao desenvolvimento das cidades, estes pontos efervescentes de trocas de mercadorias. Aos poucos se via, portanto, as mudanças na organização política e jurídica, nos modos de produzir e de comercializar, na lógica de acumulação e poupança e no trabalho, em si.
A ponte criada pelo renascimento cultural e do humanismo, das revoltas protestantes e do mercantilismo foram as bases para a construção e eclosão da indústria. O desenvolvimento industrial e a lógica fabril advinda com as revoluções industriais contribuíram para a formação e o fortalecimento de outro significado do trabalho atrelado à moral burguesa individualista. Ademais, o uso contínuo das máquinas fez com que os industriais passassem a buscar toda forma de mão de obra que pudesse baratear seus custos de produção.
Assim, o trabalho humano evoluiu da subsistência, à torpe escravidão, perpassando pelos servos da idade média. Da valorização do artífice no período renascentista, ao iluminismo da Idade moderna, desembocando na ideia de trabalho digno: aquele que enobrece o indivíduo que não estará mais relegado à vadiagem e aos vícios. Porém, as péssimas condições dos ambientes fabris não fazia jus a lógica de dignidade antes cunhada.
ATIVIDADES:
Responda as questões a seguir e poste como anexo na sala de sociologia da sua turma no google sala de aula. Atenção, faça a sua atividade em word, com perguntas e respostas, que devem ser escritas em fonte 12, com letra times new roman, espaçamento duplo. O prazo de entrega é até o dia 07 de maio. Não esqueça de se identificar e identificar a sua turma.
a- Explique a relação entre trabalho, ócio e humanização na Grécia Antiga.
b- Sobre o trabalho na Idade Média: explique a relação entre o cristianismo católico e o trabalho.
c- Em que o Renascimento Cultural modificou o valor moral do trabalho.
d- Explique a relação entre o protestantismo calvinista, a burguesia e o trabalho.
e- Existe alguma diferença no valor moral do ócio entre os antigos gregos e as sociedades modernas?
f- explique como o Código Penal brasileiro de 1940 entende o trabalho e o ócio.
g- Faça um texto explicando as mudanças que houveram ao longo da história no valor moral do trabalho.
Bons estudos.
SOCIOLOGIA 1º ANO.
ATIVIDADES A DISTÂNCIA DEVIDO AO ISOLAMENTO SOCIAL- BLOCO 1
Leia o texto abaixo, combinando a leitura com a das páginas 11 a 23 do livro didático e também com os links sugeridos que serão encontrados ao longo da leitura. Os conteúdos, tanto deste texto quanto das páginas do livro, farão parte de uma rápida revisão antes de retomarmos o nosso programa do primeiro ano.
Bons estudos.
O QUE JÁ ESTUDAMOS
- Diferenciação entre fenômenos naturais e fenômenos sociais.
- Os fenômenos naturais independem da construção humana.
- Os fenômenos sociais são construtos humanos, a partir das interações indivíduos- indivíduos, indivíduos-grupos, grupos- grupos.
- Nessa linha, tudo que não é provocado pela natureza é considerado fenômeno social: a economia, os costumes, os valores morais, as grandes e pequenas relações de poder, as diversas instituições sociais (governos, famílias, igrejas, exércitos, etc), os diversos papéis sociais que desempenhamos na vida social (profissões, gêneros, hierarquias diversas, etc).
- A sociologia é uma ciência que busca, através de métodos científicos, compreender e penetrar as causas internas dos fenômenos sociais, que são o seu objeto de estudo.
- A sociologia é uma ciência relativamente nova, do final do século XIX, embora as primeiras tentativas de elaboração de uma ciência que estude os fenômenos sociais remontem à primeira metade deste mesmo século, tendo como elaborador principal o francês August Conte (1798-1857), criador do termo “sociologia”.
- Foi a partir dos estudos de outro francês, Émile Durkheim (1858-1917), que essa nova área do conhecimento é oficializada enquanto ciência. Em 1890, na Universidade de Bordeux, Durkheim coordena a implantação do primeiro curso universitário de sociologia. Em 1895 a sua obra “AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO” aprimoram as bases da sociologia enquanto ciência.
- É importante salientar que os estudos dos fenômenos sociais durante o seu desenvolvimento possuem três linhas gerais de interpretação, cada uma delas baseada em um autor que estudou esses fenômenos partindo de pontos de vistas e visões sociais diferentes fundaram ou deram as bases diferentes escolas sociológicas.
- Os três autores clássicos da sociologia, com as suas respectivas escolas são:
-Karl Marx (1818-1883)- Materialismo Histórico Dialético
-Émile Durkheim (1858-1917)- Funcionalismo
-Max Weber (1864-1920)- Sociologia Compreensiva
- Outro destaque importante é que a sociologia não se resume as obras destes três autores, porém, todo o desenvolvimento da sociologia enquanto ciência partiu das obras deles, sendo por isso considerados os autores clássicos, a base da ciência dos fenômenos sociais.
- A Existência dos fenômenos sociais, aqueles que são gerados a partir das interações indivíduo- indivíduo, indivíduo-grupos, grupos-grupos remonta aos primórdios da humanidade, sendo, portanto, fenômenos tão antigos quanto a nossa existência enquanto espécie que se distanciou da sua condição natural e buscou dominar a natureza.
- Se por um lado os fenômenos sociais são tão antigos quanto à humanidade, o mesmo não acontece com a ciência que busca estudá-los, conforme já vimos acima.
- Durante a Idade Média (476-1453) predominou na Europa uma forma de interpretar os fenômenos, tanto sociais quanto naturais, tendo por base a religião cristã e a autoridade da Igreja. Dessa forma, a Filosofia e toda e qualquer ciência estavam abaixo da Teologia e dessa autoridade da Igreja. Os fenômenos eram interpretados como sendo vontade de Deus, castigo ou graça, ou frutos da maldade de demônios. Acreditava-se que forças sobre humanas eram a chave principal que controlava o mundo, se sobrepunha aos homens e mulheres e determinava o funcionamento da natureza e os destinos humanos.
Representação francesa do século XIII. A sociedade medieval dividade em três ordens (Clero, Nobreza e Camponeses) fenômeno que acreditava-se ter raiz por determinação de Deus e não obra dos Homens
- A medida em que a Idade Média entrou em declínio, os seus valores, instituições, crenças, também declinaram. A autoridade da Igreja como grande interpretadora do mundo foi perdendo espaço e novas formas de conhecimento foram surgindo, com destaque para a ciência.
- Nesse novo mundo pós medieval é que se desenvolveram as ciências, tanto naturais como sociais. As explicações dos fenômenos serão legitimadas não mais pela autoridade religiosa do Papa, mas pela autoridade da pesquisa científica, num processo que Max Weber chamou de “desencantamento do mundo”, onde o velho mundo encantado em que a humanidade se via apenas como um instrumento de forças sobre humanas vai desaparecendo. Nesse processo que se desenvolve um novo período, bem diverso do medieval vai tomando corpo, é a chamada Modernidade.
- Sobre a modernidade sugiro as seguintes leituras:
- Anotações de aulas
- Livro didático das páginas 12 à 19
- De uma forma muito geral podemos dizer que as maneiras como os fenômenos sociais e naturais foram interpretados variaram no tempo, só tendendo a tomar a forma de ciência num período chamado Modernidade.
- Dentre os eventos e processos sócio-históricos que impulsionaram a superação do medievo para a modernidade destacamos alguns:
1-Renascimento Comercial e Urbano. Trouxe consigo os elementos que possibilitaram a transformação da base social e econômica do feudalismo, forma de organização econômica da Idade Média: Burguesia, comércio, remonetarização, impulso ao sistema bancário, surgimento do sintema de créditos, urbanização, perda de poder dos senhores feudais.
Representação de uma paisagem medieval do século XV. Observe os camponeses vida rural predominando em volta ao castelo
Afresco do pintor italiano Ambrogio Lorenzetti (1285-1348) representando uma cidade medieval impulsionada pelo comércio
1-Renascimento Comercial e Urbano. Trouxe consigo os elementos que possibilitaram a transformação da base social e econômica do feudalismo, forma de organização econômica da Idade Média: Burguesia, comércio, remonetarização, impulso ao sistema bancário, surgimento do sintema de créditos, urbanização, perda de poder dos senhores feudais.
O banqueiro e a sua esposa, tela do holandês Marinus Claeszoon Vjan Reymerswaele (1490-1567), representa a nova classe social surgida e enriquecida a partir da Revolução Comercial e Urbana, a Burguesia.
2- A Reforma Protestante. O prestígio e o poder da Igreja fragmentam-se a partir da Reforma Protestante, que trás o homem, através do indivíduo, para o centro o centro da vida e da construção do mundo através da livre interpretação das escrituras sagradas. a Principal instituição medieval perde poder, autoridade e prestígio social na Modernidade.
3-As Grandes Navegações. Os deslocamentos de navegadores europeus em busca de rotas comerciais para incrementar as taxas de lucro da burguesia comercial europeia rompem a concepção medieval de mundo, antes restritos à Europa, Norte da África e a Ásia. O mundo da modernidade se integra geograficamente, ao contrário do mundo medieval.
Mapa de Psalter (1250) — uma das páginas de ilustrações de um livro de salmos do século XIII. Representa a perspectiva medieval TO, segundo a qual Jerusalém se situa ao centro do mapa (vale dizer, do mundo, uma vez que a Terra era o centro do mundo); no topo do mapa, abaixo do Cristo Pantocrático, claramente inspirado nas figuras bizantinas, cujos braços abertos guardam o mundo, o Paraíso Terrestre. Nota-se a presença de ícones bíblicos, tais como a Arca de Noé, a Torre de Babel, entre outros.
4- Iluminismo. O Século das Luzes (XVIII) trouxe consigo crença de que a razão humana é superior a autoridade da Igreja e do estado, sintetizada na figura do rei absolutista. O movimento iluminista foi a expressão de uma nova classe social, a burguesia, que enriquecia, acumulava riqueza, mas ainda não tinha o poder político e o prestígio social, monopolizados por antigos estamentos medievais, o clero e a nobreza.
Para Jean Jacques Rosseau: o homem é livre na medida em que dá o livre consentimento à lei, e consente por considerá-la válida e necessária. A soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade e o fundamento dessa soberania é a vontade geral que não resulta apenas da soma da vontade de cada um, mas de uma consciência coletiva do que é melhor para a maioria. Sendo assim, num governo onde não prevaleça a soberania do conjunto dos membros, tem-se a tirania de um, do rei. Com Rosseau nasce a ideia de democracia moderna, onde soberano é o povo e os reis são usurpadores da verdadeira tirania.Para Immanuel Kant: só a razão e o seu uso sem limites impostos pelo estado através do rei e nem da Igreja através da autoridade religiosa pode possibilitar ao homem a liberdade e o esclarecimento. Dessa forma, o filósofo alemão entende o absolutismo e a Igreja como elementos que impedem a liberdade humana, o que dá bases teóricas para o estado liberal, democrático e laico.
5- A Revolução Francesa. Aqui são postas em práticas as ideias do iluminismo: a soberania é do povo e não do rei, a Igreja é um empecilho à razão e a liberdade, todos os homens devem ser iguais perante o estado, pois nascem iguais. Os privilégios de nascimento da nobreza são destruídos. A Revolução Francesa, liderada pela burguesia, derruba violentamente e radicalmente antigas instituições e relações sociais medievais. A modernidade burguesa garante a igualdade jurídica, mas legitima a desigualdade econômica.
O principal instrumento de morte era a guilhotina. Até mesmo o rei e sua família foram decapitados.
6-Revolução Industrial- O empoderamento econômico da burguesia, em especial a inglesa, a incentiva a buscar mais mercados pelo mundo afora, com a expansão desses mercados consumidores surge a necessidade de produzir mais e mais. Daí a obrigatoriedade de novos instrumentos e ferramentas que aumentassem a produtividade e a produção, surge a Revolução Industrial.
Mas, as novas máquinas não produziam as suas mercadorias sozinhas, com elas surge a necessidade do operário, que passa a trabalhar e produzir nas fábricas da burguesia. A classe operária passa a alugar-se, como se fora uma mercadoria, produz e entrega a produção aos proprietários das fábricas em troca salários. Surgem então novas relações econômicas que influenciam as relações sociais, a força de trabalho humana passa a ser uma mercadoria. As cidades crescem, a capacidade humana de produzir passa ser permanente revolucionada, o capitalismo amadurece e a desigualdade socieconômica se aprofunda, mesmo diante do crescimento incessante da riqueza.
ATIVIDADES:
1- Poste aqui no google class um comentário do que entendeu ou pergunta comparando a Idade Média com a Modernidade.
2.1 Escolha um dos chamados autores clássicos da sociologia, faça uma pesquisa sobre seu pensamento, as suas ideias e construa um texto relatando o que você aprendeu nessa pesquisa. Tente se aprofundar o máximo possível na pesquisa e no texto. Ao final do texto não deixe de colocar quais foram as suas fontes de pesquisa.
2.2 Observe cada um dos eventos históricos escolhidos para explicar a construção da modernidade e diga, através de um texto escrito, em que cada um deles contribuiu para o declínio da Idade Média e a construção da Modernidade. Ao final do texto não deixe de colocar quais foram as suas fontes de pesquisa.
Atenção, tudo deve ser postado no Google Class, fique atento/a pois há prazos.
Bons estudos.
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