Tempos Modernos: fordismo e taylorismo
Observamos que a Revolução Industrial virou o mundo de “pernas para o ar”. Nunca, em tão pouco tempo,
os seres humanos haviam produzido tanto. O modo de produção capitalista combina em seu processo produtivo o
trabalho e os instrumentos de produção. Em uma grande indústria moderna, esses elementos estão combinados de
uma forma muito distinta.
Lembra-se do tecelão? Podemos dizer que ele dominava todo o seu processo de produção, pois tinha controle
do início ao fim. Na era moderna, esta relação do trabalhador com a sua produção é profundamente alterada, pois a
inserção de novas tecnologias, como as máquinas de aparafusar peças, inserem o trabalhador em um novo espaço:
ele não determina mais seu tempo de trabalho, as máquinas vão impor um novo ritmo. Quer ver como?
As forças produtivas alteram-se ao longo da história. Em meados do século XVII, a produção era feita com o
uso de instrumentos simples, acionados por força humana, por tração animal e pela energia proveniente de água ou
de vento.
Máquina de arado por tração animal
Uma das características da sociedade moderna é a de se transformar constantemente. O mundo em que
vivemos hoje é muito diferente do que era há cinquenta anos e será ainda mais diferente dos cinquenta que virão.
Para representar historicamente esta mudança, vamos voltar um pouco no tempo para identificar um momento
histórico de profunda transformação da sociedade.
Em pleno início do século XX, a sociedade industrial aprimorava cada vez mais suas técnicas de produção
capitalista. As inovações tecnológicas impunham um ritmo de trabalho cada vez mais racional, organizado, medido
pelo tempo e pela produção. O consumo de produtos aumentava e era necessária uma produção que atendesse a
essa demanda.
Em 1913, um empresário chamado Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, idealizou uma
série de mudanças nos processos de trabalho. Uma das principais mudanças foi a introdução das linhas de montagem
de produção que nas fábricas da Ford podem ser definidas como: o automóvel a ser montado deslocava-se por uma
esteira rolante, enquanto os operários, pouco qualificados, executavam as operações padronizadas, alinhados junto
à esteira. O fordismo, portanto, é caracterizado pelo trabalho fragmentado e os gestos repetitivos na produção
industrial. Esse modelo causou grande impacto na produção em massa da indústria automobilística, isto porque
Ford seguiu os princípios de padronização e simplificação de Frederick Taylor (1856-1915), que acelerava ao máximo a
produção e obrigava o trabalhador a operar no ritmo das máquinas. Por essa razão, esse método de trabalho também
costuma ser chamado de fordismo-taylorismo.
Linha de montagem da Ford. Operários movimentam-se pouco e as peças circulam pelo espaço da indústria.
O fordismo assegurou uma enorme redução no preço dos automóveis: o modelo T, lançado em 1908, custava
850 dólares, bem menos que o preço dos concorrentes. Já em 1927, o preço caiu para 300 dólares, resultado da
produção crescente. Podemos afirmar que aí estão as origens do automóvel como um consumo de massa que se
mantém até hoje.
Toda essa recuperação histórica serve-nos para mostrar como a aceleração do ritmo de trabalho foi uma das
prioridades do fordismo-taylorismo, resultando em uma produção em larga escala para atender à demanda crescente
do consumo em massa. O ritmo das máquinas estabelecia, por sua vez, um ritmo frenético na vida das pessoas:
produzia-se para consumir em um ciclo alucinante. Esta era a sociedade industrial da época.
O taylorismo pode ser considerado como um método de estudo que seu mentor, Taylor, elaborou após
observações da rotina de trabalho dos operários. Buscando um maior entendimento do processo de
trabalho do operário, Taylor observou a necessidade de uma administração racional do operário, que
na época era pouco qualificado, para garantir um maior rendimento do serviço.
Quando nos referimos à indústria automobilística Ford e ao fordismo, nos vem à mente a imagem daquele
clássico modelo Ford preto (retratado na figura acima). Este foi o modelo de carro produzido exaustivamente pela Ford.
Uma famosa frase, atribuída a Henry Ford há quase 100 anos, menciona este clássico modelo de automóvel e resume
o espírito do fordismo: "O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto".
O modelo de produção fordista determina que o consumidor pode querer qualquer mercadoria, desde que
seja o que a indústria se dispõe a lhe entregar.
Enquanto para os empresários o fordismo potencializou a lucratividade, para os trabalhadores ele gerou
alguns problemas como, por exemplo, trabalho repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre todas as
etapas de produção (fragmentação do trabalho que consiste na ideia de alienação) e baixa qualificação profissional.
Com a produção voltada à grande escala, ou seja, grande quantidade de um mesmo e único produto, o fordismo possibilitou o barateamento das mercadorias. Com isso, possibilitou, além da produção em massa, o consumo em massa. Nessa perspectiva, o capitalismo entra em uma era em que o consumo é vital para o seu desenvolvimento.
Grandes fábricas, que realizavam todas as etapas da produção do produto final, desde de pequenas peças, até à montagem, numa linha de montagem mecânica, necessitava de plantas industriais muito grandes, bem como um imenso número de operários, o que possibilitou a diminuição do desemprego e a criação de novos consumidores assalariados.
O consumo como um dos sustentáculos do capitalismo, somado a grandes concentrações contingentes operários e o baixo desemprego, deu força ao movimento sindical nas fábricas fordistas. Nos países capitalistas, a organização sindical nas fábricas fordistas possibilitou ganhos econômicos a um proletariado que passava a fazer parte do capitalismo, não apenas como produtor, mas também como consumidor que poderia aproveitar das benesses do sistema.
Publicidade estadunidense da década de 1950- O consumo de massas
No contexto da Guerra Fria (1945-1991), o sindicalismo da Europa Ocidental e dos EUA viu a oportunidade de arrancar ganhos econômicos do capitalismo. Pois, agora, os trabalhadores além de serem uma massa consumidora da qual o capitalismo dependia, passaram a chantagear as burguesias nacionais, exigindo direitos sociais públicos (educação, saúde, moradia, lazer, previdência social, direitos trabalhistas, etc), em troca de não fazerem a revolução socialista instalada no leste europeu e URSS.
Surgia o estado do bem estar social ou Welfare State, que combinava um capitalismo fordista de produção e consumo em massa de mercadorias padronizadas, com uma numerosa classe operária organizada em sindicatos fortes que havia conquistado direitos sociais garantidos por uma estrutura estatal forte sustentada por impostos e tributos progressivos.
O estado do bem estar social como um guarda chuva protetor